
O auditório da Fundação Eng.º António de Almeida acolheu, nos dias 8 e 9 de fevereiro, o 1.º Congresso Multidisciplinar sobre Paralisia Cerebral. A iniciativa, dinamizada pela Associação do Porto de Paralisia Cerebral, assinalava também o início das comemorações dos 50 anos desta instituição.
No encontro foram abordadas as principais complicações/alterações clínicas associadas à paralisia cerebral – desde o seu aparecimento, incluindo epilepsia, complicações digestivas, ortopédicas, respiratórias e oftalmológicas, entre outras. Nos dois dias de congresso o programa dividiu-se por oito mesas de discussão, juntando mais de duas centenas de participantes de Portugal (continente e regiões autónomas) e meia centena de palestrantes e convidados.
A abertura, formal, aconteceu ao final da manhã do dia 8. Marcaram presença no evento John Coughlan, Secretário Geral da Cerebral Palsy – European Community Association, Rui Coimbras, Presidente da Federação das Associações Portuguesas de Paralisia Cerebral, Abílio Cunha, Presidente da Associação do Porto de Paralisia Cerebral e, ainda, Augusto Aguiar-Branco, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Eng.º António de Almeida.
Em breve intervenção o responsável da APPC defendeu que “enquanto houver crianças e jovens com paralisia cerebral estaremos sempre a reinventar”, esclarecendo que “cada caso é um caso – o que exige aos profissionais uma capacidade de estudo constante para satisfazer os vários indivíduos com paralisia cerebral”. Abílio Cunha salientou também que “há áreas que ainda têm que ser melhoradas”, apontando especificamente a educação. “Temos que continuar a reivindicar que as nossas escolas não sejam escolas inclusivas mas, antes, com um ensino inclusivo”. Em relação ao congresso que se iniciava – e com uma palavra especial de agradecimento “aos profissionais de saúde do país que estão dispostos a unir esforços para ultrapassar todas as dificuldades (pelas pessoas com paralisia cerebral)” – Abílio Cunha mostrou o desejo de que todos “consigam inventar o futuro!”.
A cerimónia de encerramento do congresso – que contou com a presença de Catarina Araújo, Vereadora dos Pelouros da Saúde e Qualidade de Vida da Câmara Municipal do Porto – realizou-se ao final da tarde de dia 9. E coube a Fábio Guedes, Vice-Presidente da Direção da APPC, deixar as palavras finais. Sublinhando as comemorações, em 2024, dos 50 anos da APPC, Fábio Guedes disse que “neste período é nossa intenção retomar atividades emblemáticas, inovar, partilhar boas práticas, conhecimentos e aprender”, intenções que estiveram presentes no congresso e serão replicadas “nas mais diversas formas ao longo do presente ano”. O Vice-Presidente da APPC classificou ainda como determinante “criar condições para uma maior e mais efetiva participação social das pessoas com paralisia cerebral”, assumir a investigação científica “como motor de dinamismo” e, por tal, colaborar com a academia na partilha de experiências e de conhecimento científico. “Trabalhar para uma maior e melhor qualidade e satisfação com a vida das pessoas com paralisia cerebral” foi um dos propósitos indicados por Fábio Guedes. E, finalizou, era esse um dos propósitos do congresso: “Um espaço de partilha e aprendizagens que será, certamente, um passo na concretização desses objetivos.”
O final do congresso ficou igualmente marcado pela atribuição do prémio para a melhor Comunicação Livre. Maria de Fátima Paraneta Bizarra, da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, foi a vencedora – escolhendo como tema o “Impacto da Paralisia Cerebral na Saúde Oral: Um estudo no distrito de Lisboa”. Foi igualmente atribuída uma menção honrosa a Marisa Sofia do Carmo, do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral de Coimbra, com a comunicação “Impacto da Terapia de Estimulação Visual na Abordagem do Défice Visual Cerebral em Crianças com Paralisia Cerebral”.