
A Associação do Porto de Paralisia Cerebral participou, mais uma vez, na apresentação do relatório do Programa de Vigilância Nacional de Paralisia Cerebral. O documento apresentado – “Paralisia Cerebral em Portugal no Século XXI. Risco e Funcionalidade” – apresenta dados recolhidos a nível nacional de todos os nascidos entre 2001 e 2015 com paralisia cerebral.
A iniciativa teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no passado dia 21 de janeiro. Ainda antes da apresentação do Relatório, no período da manhã, teve lugar o já habitual encontro de notificadores bem como a discussão relativa aos principais constrangimentos no desenvolvimento das atividades do Programa e seus desafios futuros. No período da tarde, e ainda antes da apresentação do 6.º Relatório do Programa de Vigilância Nacional, foi feita uma homenagem a Graça Andrada – nome indelével na história da paralisia cerebral a nível nacional e referência em termos de dinamização associativa e de estudos académicos (e que faleceu em outubro de 2023).
De salientar que os indicadores de risco identificados chamam a atenção para a importância do esclarecimento da população, contribuindo para a promoção de comportamentos saudáveis (particularmente a nível de saúde reprodutiva).
Entre vários outros dados, neste relatório há a destacar:
- O risco das crianças nascidas em Portugal terem paralisia cerebral é de 1,7 casos por 1000 nados-vivos;
- A grande prematuridade (28 a 31 semanas de gravidez) e a extrema prematuridade (menos de 28 semanas de gravidez) aumentaram o risco de paralisia cerebral – em respetivamente 47 vezes e 81 vezes, comparando com as crianças nascidas a termo;
- A gravidez tardia aumenta o risco de nascimentos com paralisia cerebral. Mães entre 35 e 39 anos têm um risco 15% maior; as mães entre os 40 e os 44 anos têm um risco 50% maior; e nas mães com mais de 44 anos o risco foi três vezes maior;
- Nascer sem assistência adequada associou-se a um maior risco de paralisia cerebral – aumentando 12 vezes o risco de paralisia cerebral;
- Verificou-se maior risco de paralisia cerebral nos concelhos com maior privação socioeconómica, num aumento de risco estimado em 25%;
- Ser o primeiro filho; ser rapaz; nascer leve para o tempo de gravidez; e a presença de malformação congénita também se associaram a maior risco de paralisia cerebral.